Hoje comemoram-se os 112 anos da imigração japonesa no Brasil. Em 18 de junho de 1908, o navio Kasato Maru trouxe o primeiro grupo de imigrantes japoneses para trabalhar nas lavouras de café. A maior população de origem japonesa (fora do Japão, é claro) encontra-se no Brasil.
Estas são informações que nós, que já estudamos a imigração japonesa há mais tempo, lembramos todo ano. Mas mesmo quem está familiarizado com o assunto pode descobrir e aprender muitas outras coisas em um lugar muito especial no bairro da Liberdade, em São Paulo: o Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil.
Eu tive a oportunidade de visitá-lo no ano passado e gostaria de compartilhar algumas imagens aqui:

O site do Museu contém informações sobre o acervo, horários de visitação e fotos bem mais bonitas do que as que eu tirei. Infelizmente, por causa da pandemia, as visitações estão temporariamente suspensas. Guarde a recomendação aí para depois que o isolamento acabar…

Mantido pela Bunkyo (Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social), ele é mais que um pedacinho do Japão em São Paulo: ele é uma porta aberta para o passado.

O Museu também tem livros e materiais bibliográficos que podem ser consultados por pesquisadores, mediante agendamento prévio. Eu agradeço especialmente à equipe que me ajudou a encontrar alguns títulos que foram muito úteis para a minha pesquisa: Eduardo Kobayashi, Sra. Mieko e o Sr. Paulo Takeda, que me acompanhou na visita e me ensinou muita coisa. Quanta história! Uma visita fantástica.
Este haikai é de autoria do imigrante Nempuku Sato (para saber um pouco mais sobre ele, visite o site http://www.kakinet.com, clicando aqui). A tradução para o português é da profa. Neide Nagae (USP). Vocês conhecem os três ideogramas que encerram o poema?
珈琲園 koohiien – “cafezal” – 珈琲 “café” + 園 “campo”
Sim, “café” escrito em kanji. Bonito, não é? 珈 koo significa “enfeite de cabelo”, como aqueles grampinhos com flores em uma das extremidades. 琲 hii significa “cordão de muitas pérolas”. (Fonte: dicionário online jisho.org)
Ué, a palavra “café” não vem geralmente escrita em katakana (コーヒー koohii), por ser um estrangeirismo? Sim, é verdade. 珈琲 é um exemplo de ateji, “ideogramas atribuídos”, kanji usados para representar palavras de outras línguas. Mas isto é assunto para a próximo postagem…
Mata ne!
P.S.: Outras postagens sobre imigração japonesa no Brasil neste blog:
https://japoneskandango.wordpress.com/2016/11/18/imigracao-japonesa-no-brasil-algumas-fontes/